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[Resenha] Os Pássaros


Ataque de animais é uma temática comumente encontrada em filmes. Nem é preciso fazer uma pesquisa para citar alguns dos vilões do mundo animal já usados em produções cinematográficas. Cobras, crocodilos, piranhas, tubarões, aranhas são alguns dos principais exemplos. Entretanto, não só esses animais considerados perigosos serviram como fonte de inspiração. Em 1963, Alfred Hitchcock apostou em um protagonista mais inofensivo, os pássaros.



Conheci Os Pássaros, filme de Hitchcock, em 2012 e até então, acreditava que era a única produção relacionada a ataques de pássaros. No entanto, no ano passado, a DarkSide Books relançou o livro Os Pássaros, escrito por Frank Baker. A princípio, pensei que o filme fosse uma adaptação da obra impressa. Estava enganado. Entretanto, pesquisando um pouco mais sobre as produções, descobri que existem algumas similaridades entre elas, tanto que Hitchcock foi acusado de plágio por trazer a sua produção elementos muito parecidos os do livro de Frank - publicado na década de 1930 - sem fazer referência ao autor original. A quem diga que o Hitchcock não conhecer a narrativa de Baker, mas outros dizem o contrário.


Deixando um pouco a polêmica de lado, pretendo, nesta resenha, fazer um comentário sobre o livro escrito por Frank Baker. A história republicada pela DarkSide é uma versão atualizada, relançada pelo autor em 1964. A primeira edição da obra, de 1936, acabou não fazendo sucesso, tendo poucos exemplares vendidos. Diante do lançamento do filme e as polêmicas em torno do possível plágio, Baker resolveu revisar o texto original e o relançou.


Os Pássaros inicia-se com um prefácio no qual há uma introdução sobre a trama. Anna, uma das personagens, conta que cresceu ouvindo do avô sobre a existência de um mundo completamente diferente do seu, existente antes da chegada dos pássaros que assolou a sociedade londrina. Durante muito tempo, o avô se recusou a contar a verdadeira história por trás da afirmação. Entretanto, o fim da vida do velho começou a se aproximar e ele resolveu compartilhar suas memórias com a neta e pede para ela anotar tudo. Assim, o livro é basicamente um relato do avô de Anna, onde, além de relatar os ataques dos pássaros, faz um retrato de Londres da época.


Por ser um relato, o livro é narrado em primeira pessoa. A obra é muito mais do que uma história com ataques de pássaros. Na verdade, representa um retrato sobre os costumes, a forma de trabalho e as relações interpessoais em Londres. A leitura do livro não é nada fácil, pois se caracteriza como um livro descritivo, com muito detalhamento de cenários e costumes. Eu particularmente diria que a obra é mais uma caracterização de Londres vivenciada pelo autor do que uma narrativa preocupada em focar nos mistérios por trás dos ataques das aves.


Um aspecto interessante de Os Pássaros é o fato de ser um livro responsável por suscitar muitas reflexões, seja por traçar críticas ao sistema capitalista, seja por fazer um debate interessante em torno da sexualidade ou ainda os conselhos importantes para a vida, como a necessidade que temos de enfrentar os nossos problemas e medos de frente. Devido a essa característica reflexiva, Os Pássaros é uma obra que demanda tempo para ser lida, persistência para enfrentar uma história lenta e, principalmente, abertura para conhecer as opiniões do autor.


Como era de se esperar, eu demorei um pouco para conseguir terminar a leitura de Os Pássaros. No início, não fiquei muito animado, mas, conforme fui conhecendo as passagens de reflexão, me interessei mais pela história. Apesar de não termos uma explicação clara sobre os fatores que desencadearam os ataques, eu gostei do livro. É por isso, que tenho a liberdade de indicar a todos. Entretanto, já aviso que não é uma leitura fácil, mas, de certo modo, encantadora.



Eu tive a oportunidade de assistir a produção de Hitchcock e percebi que o filme e o livro apresentam histórias diferentes, mas com algumas características similares, detalhes esses que ajudaram nas denuncias de plágio. Entre a produção escrita e cinematográfica, eu me identifiquei mais com a primeira, embora reconheça que ambos tenha as suas qualidades.


NOTA 4: INTERESSANTE



Informações adicionais

Autor: Frank Baker

Tradução: Bruno Dorigatti

Editora: DarkSide Books

Ano: 2016

Páginas: 304

Assunto: Ficção inglesa

Tipo de capa: Capa dura

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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