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[Resenha] Hellraiser: Renascido do Inferno


Depois de um belo chá de estante, resolvi resgatar Hellraiser da solidão que vivia a um bom tempo. Esse livro foi um dos primeiros que comprei este ano. Então, dá para imaginar o tempo que ele ficou encostado. Esta semana, eu iria começar a leitura de outra obra, mas fiquei comovido por ver Hellraiser abandonado dentre tantos outros na estante. Não aguentei e resolvei dar uma chance para o livro, antes de me aventurar por outras histórias.


Hellraiser: Renascido do Inferno foi reeditado pela DarkSide Books no ano passado (2015). Entretanto, não foi por meio da editora que conheci a existência da obra. Além de um livro, Hellraiser também tem a sua versão cinematográfica. A história foi adaptada para película por Clive Barker, o próprio autor do livro, no ano de 1987. Conheci a obra nas locadoras, visitando a seção de filmes de terror. Até então, nunca tinha lido ou assistido ao filme, mas a imagem de um dos Cenobitas na capa do VHS ficou gravada em minha memória.


Como já destacado, o livro foi escrito por Clive Barker. A trama narra, basicamente, a história de Frank, um personagem boêmio e complicado, que vive em busca do prazer nunca encontrado. Vagando pelo mundo, Frank vivência várias experiências sexuais, bem como conhece diferentes tipos de drogas, porém nenhuma delas eram capazes de saciar as suas necessidades de prazer. Assim, o personagem move todas as suas forças a procura do prazer inalcançável. Nessa empreitada, ele descobre a existência da caixa de Lemarchand, espécie de um portal que o levaria a experimentar um prazer inigualável.


“Como ouvira falar da caixa de Lemarchand? Ele não se lembrava. Talvez num bar ou numa sarjeta, dos lábios de algum colega desamparado. Na época, era só um rumor – um sonho de uma redoma dos prazeres onde aqueles cansados dos deleites triviais da condição humana poderiam descobria a nova definição do regozijo.”


Frank consegue ter acesso à caixa, tanto que as primeiras páginas do livro narra a tentativa do personagem de conseguir desvendar o quebra-cabeça por detrás do objeto, para abri-lo e ter a possibilidade de desfrutar de tudo o que ele poderia proporcionar. A charada é desvendada e eis que Frank conhece os Cenobitas, os guardiões do tão procurado prazer. Aqui ficamos com um pergunta: será que o prazer procurado por Frank era o mesmo que os Cenobitas proporcionavam? O fato é, uma vez aberta a caixa, não havia possibilidade de volta.


Além de Frank, a história conta com mais alguns personagens. Rory, irmão de Frank. Julia, esposa de Rory, que possui uma paixão avassaladora por Frank. E Kirsty, amiga do casal e apaixonada por Rory. Apesar da confusão, todos esses personagens têm um papel relevante no desenrolar da história. O livro é narrado em terceira pessoa e, em cada momento da trama, os fatos são contados sobre o ponto de vista de um desses personagens; característica que achei bem interessante.


Bem, um dos cenários mais importantes do livro é a casa abandonada herdada por Frank e Rory. Após o desaparecimento inesperado do irmão, Rory resolve se mudar com a esposa para casarão a fim de ter uma vida mais agradável do que o endereço antigo. A princípio, Julia apresenta resistência, mas, ao ficar sabendo que ali teria sido uma das últimas moradas do seu querido Frank, a quem ainda sente um amor incondicional, se anima com a mudança.


A casa que a princípio parecia abandonada é onde acontece boa parte das cenas de horror que norteiam a história. Cada crime e cada assassinato tem um único propósito, que nós leitores vamos descobrindo ao longo da narrativa. Garanto que você irá se surpreender com cada nova descoberta. Assassinatos, traições, crueldade e cenas sangrentas são as tônicas dessa ficção norte-americana. Eu não quero dar muitos detalhes sobre o livro para não estragar a sua leitura. Mas, é basicamente isso.


“Suas passadas foram rápidas demais para que ele pudesse se perceber a lâmina até o último momento e, mesmo então, foi surpresa que cruzou seu rosto e não medo. Foi uma expressão que teve vida curta. A faca estava dentro dele no instante seguinte, rasgando a barriga com a mesma facilidade que cortaria queijo maturado”


Hellraser é um livro bem curto, tem apenas 160 páginas. É uma leitura bem rápida. A obra com muitos livros da Darkside Books tem uma capa e uma diagramação incrível. Para ter uma noção, a capa é toda preta, feita de uma matéria que parece couro. Além disso, tem detalhes em altorrelevo que remete a caixa de Lemarchand, bem como alguns símbolos em dourado. Simplesmente incrível. Nessa edição, encontrei alguns erros de revisão, coisa muito raro nas obras da editora, embora nada que atrapalhe a leitura.


Barker faz um trabalho incrível, como uma narrativa sensacional. Eu gostei do livro, porém o achei um pouco rápido. Em muitos momentos, eu tive a necessidade de ter mais detalhes, uma narrativa mais profunda. Até meados da obra, estava disposto a atribuir uma nota 3 para o livro. Entretanto, o fim superou todas as minhas expectativas. Foram trinta páginas de muita aflição e suspense. É impossível não ficar compenetrado no desfecho. O fim impressiona em todos os sentidos, não bastasse isso, o autor faz um belíssimo trabalho na descrição de cada ação dos personagens. O fim é a melhor parte do livro.


Bem, eu recomendo o livro a todos que gostam de horror e suspense. Eu também assisti ao filme e achei a adaptação muito boa, mas, a meu ver, não supera a primazia do livro. Embora a película seja baseada no livro, ela apresenta algumas diferenças. Alguns personagens mudam de papel e o fim é completamente diferente. Recomendo os dois. Garanto que vai gostar. Agora estou ansioso para ler o segundo livro do autor que promete trazer mais detalhes sobre os lendários Cenobitas.


Nota 4: INTERESSANTE


Informações adicionais*

Autor: Clive Barker

Tradução: Alexandre Callari

Editora: DarkSide Books

Ano: 2015

Páginas: 160

Assunto: Ficção norte-americana

Tipo de capa: Capa Dura

*Detalhes referente à minha edição

 

Esta resenha participa da Dark Season. Para saber mais detalhes e

concorrer a um livro da editora DarkSide Books clique aqui.

 

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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