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[Resenha] Menina Má


Ler histórias reais ou fictícias relacionadas à psicopatia ou à serial killers é um dos meus passatempos favoritos. Tenho muitas curiosidades sobre as temáticas. Sempre fico tentando entender como funciona a cabeça das pessoas que são afetadas por essas patologias. O primeiro livro que li sobre o tema foi Serial Killers: Anatomia do Mal, de Harold Schechter, publicado pela DarkSide Books, em 2013. Depois dele, todos os livros relacionados aos assuntos passaram a me atrair, tanto que foi esse o principal motivo para que eu comprasse Menina Má, escrito por William March.


Menina Má conta a história de Rhoda, uma garotinha de 8 anos. Nesta idade, as crianças, geralmente, são muito levadas e com muita vontade de fazer "arte", porém Rhoda não era uma delas: tinha uma personalidade, completamente, destoante das outras crianças. Esperta, inteligente, organizada, perfeccionista, de personalidade forte e comportada aos olhos dos adultos, era tida como uma menina adorável e admirável por vizinhos e algumas outras pessoas. Todavia, por detrás dessa boa personalidade, existia outra natureza: fria, calculista, cruel, para ser mais claro, uma mente assassina.











É isso mesmo, o livro narra a história de uma criança assassina, vítima de uma psicopatia. A história gira, basicamente, em torno das ações da garota e de sua mãe, que tenta entender a personalidade da filha, ao passo em que busca meios de saber como lidar com a situação. Como se isso não fosse o suficiente, Christine, mãe de Rhoda, ainda é obrigada a lidar com revelações chocantes relacionada ao seu passado.


O livro é escrito em terceira pessoa, mas, por meio dos pensamentos das personagens, os leitores têm a possibilidade de conhecer as aflições e os sentimentos das personagens mais centrais, principalmente os da mãe.


Diferente de muitas leituras, fui agarrado pela história já nos primeiros parágrafos. Diante de uma escrita incrível, fui hipnotizado a ponto de ficar horas sem desviar os olhos da obra. E, a cada novo capítulo, mais alucinado eu ficava para ler o próximo. Como se não bastasse tudo isso, fui invadido pelos sentimentos sinistros e confusos das personagens. Os sentimentos maternos foram os que mais me chocaram. Em muitos momentos, senti-me na pele de Christine. Teve momentos em que vivenciei as tensões, a ponto de me emocionar e ficar sem ar. Não sei como explicar o que senti, mas foi intenso.











É difícil encontrar palavras para descrever Menina Má. No linguajar do blog, é sensacional. Uma curiosidade dele é que é o último livro escrito por William March, que morreu poucos meses depois de terminá-lo. A obra, publicado pela primeira vez em 1954, é considerado o melhor romance do autor. March dizia que o livro havia sido escrito sem muita preocupação. O fato é que, intencionalmente ou não, March deixou como legado uma das melhores narrativas sobre a temática que, inclusive, causou muito escândalo na década de 1950.


Menina Má não é uma narrativa bonitinha; pelo contrário é tensa, pesada, sinestésica e sem o famoso happy end, porém com um fim surpreendente e de tirar o fôlego. Desse modo, por todas essas características, é um livro incrível, sensacional, maravilhoso, que super-recomendo.


Já faz alguns dias que terminei de ler e ainda estou com muitas perguntas em minha mente. Muitas delas sem respostas. Creio, que o ótimo livro, entra, inesperadamente, em nossas vidas, mexe com os nossos sentimentos e nunca mais vai embora. Aquele que você, felizmente, será incapaz de se libertar, pois sempre terá uma questão sem solução que, automaticamente, o fará lembrar do livro, da história e das personagens. Por favor, leia Menina Má.


O livro foi reeditado, em 2015, pela editora DarkSide Books, em uma belíssima edição. Observe a obra e não se engane com a capa rosa e meiga, pois o conteúdo é completamente outro. Vale lembrar que o livro foi adaptado para o cinema pelo diretor Mervyn LeRoy, em 1956. A película ficou conhecida como The Bad Seed (A Tara Maldita). Gostaria de destacar que o filme é incrível. Eu, geralmente, me decepciono com adaptações, mas essa me fascinou. Se leu o livro, não deixe de assistir ao filme. Garanto que vai ficar de boca aberta.

Nota 5: SENSACIONAL

Informações técnicas (minha edição)

Autor: William March

Tradução: Simone Campos

Editora: DarkSide Books

Ano: 2015

Páginas: 272

Gênero: Terror psicológico

Tipo de capa: Capa Dura

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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