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Contaminação tecnológica


Frequentemente, tenho o hábito de procurar vídeos no YouTube para assistir enquanto faço as minhas refeições. Já encontrei conteúdos bem interessantes no site e, esta semana, tive contato com um que chamou muito a minha atenção. O vídeo tratava de um estudo realizado por dois pesquisadores americanos que fizeram uma projeção de como o corpo humano será daqui 100 mil anos. Se os estudiosos tiverem certos, uma das ferramentas que trarão essas mudanças é a tecnologia. Diante disso, tive um insight, percebendo o quanto nossos comportamentos são transformados por meio dos recursos tecnológicos.


Minha intenção, aqui, não é traçar um posicionamento crítico muito menos otimista com relação às novas tecnologias. Na verdade, pretendo fazer uma reflexão em torno das mudanças dos nossos comportamentos diante dos novos dispositivos tecnológicos. Estamos, basicamente, inseridos dentro de um contexto da evolução técnica e, querendo ou não, somos influenciados por eles; alguns mais fortemente, outros nem tanto, mas todos nós sofremos influência da tecnologia.


Não sei como é o comportamento diário de cada um de vocês que estão lendo este texto. Entretanto, quando estou em casa, a minha relação principalmente com a minha mãe ainda é muito presente. Quando preciso acordar mais cedo, minha mãe me acorda pessoalmente. Quando o almoço ou o jantar está pronto, e a minha mãe quer me avisa, aquele grito estridente ainda é uma ferramenta muito usada. Todavia, descobri recentemente, e você pode estar dentro disto, que algumas pessoas desenvolvem esses contatos por meio dos aplicativos de comunicação. Tenho amigos que, mesmo em casa, conversar com os seus pais, na maioria do tempo, através do WhatsApp.


Outra coisa que também não sabia, mas fui informado em um evento que participei há pouco tempo é a existência de jogos que proporcionam encontros virtuais. Lembro-me que uma das congressistas relatou uma experiência que ela vivenciou na escola onde trabalha. Segundo ela, os alunos se reúnem no intervalo e nas aulas de Educação Física não para conversar cara a cara. Sentados em círculo, cada uma pega o seu celular, acessam o jogo e passam a ter interação dentro da plataforma virtual. Lá eles se encontram, trocam experiências, cumprem missões e se relacionam. Ouvi isso estarrecido, em minha época a coisa era diferente, as relações se davam no ambiente real, alicerçada na materialidade.


Além das relações interpessoais, as tecnologias têm a capacidade de mudar outros aspectos do comportamento humano. Eu ainda sou daquela geração da atenção reduzida. Não consigo fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Talvez muitas pessoas, como eu, tenha a necessidade de silêncio para manter a concentração nos estudos. Entretanto, já ouvi relatos de pessoas que conseguem estudar assistindo televisão. Ou, no caso do meu irmão, que só consegue dormir com a televisão ligada. E ousa desligar o aparelho, uma besteira na certa, pois ele acorda furioso.


Eu poderia apresentar inúmeros exemplos mostrando a reformulação do comportamento humano por meio do desenvolvimento da tecnologia e tenho certeza que uma pesquisa me revelaria milhares de outros exemplos. No final, todas elas convergem para um único ponto: a tecnologia exerce influência sobre o nosso comportamento e nossas relações sociais.


E você, já tinha parado para pensar nisso? Tem alguns desses hábitos ou conhece algum outro tipo de comportamento humano moldado pelas novas tecnologia? Compartilha comigo nos comentários e aproveite para deixar a sua opinião do que pensa sobre influências tecnológicas em nossas vidas.


Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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