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Educação dos Sonhos


Olá pessoal!


Hoje venho compartilhar com vocês uma crônica que publiquei no ano passado, na Folha de Londrina, jornal que circula em Londrina - PR. Você deve estar se perguntando os motivos de resgatar um texto escrito há mais de um ano. Bem, para explicar, voltemos ao contexto da época. Era início do ano letivo de 2015 e devido a várias medidas retroativas, como a modificação da previdência dos docentes e precarização do ensino, os professores do Paraná entraram em greve para lutar em prol dos seus direitos e da não precarização do ensino. Depois de um ano e pouco, hoje os professores de universidade e de escolas voltam a aderia a mais uma greve. Enfim, trago esse texto porque ele ainda se faz atual, além disso, para propor mais uma vez uma reflexão sobre a educação e, mais do que isso, para mostrar o quanto a educação vem sendo deteriorada pelos detentores do poder e, diante disso não podemos cruzar os braço e fingir que nada está acontecendo. Acredito que nesse contexto de desqualificação do ensino só lutando teremos possibilidade de alcançar uma educação dos sonhos.


Antes de tudo, Fora Richa! Fora Temer! E vamos ao texto:


Sentado e a folhear as extensas páginas de um jornal diário, sou, automaticamente, levado a relembrar do meu mais recente sonho. Em poucas horas, visitei uma civilização onde a educação não era apenas prioridade, mas o bem mais precioso. Lá os índices de analfabetismo beiravam a zero, pagar para ter um ensino de qualidade era considerado um crime. Ali, pude conhecer estudantes realmente conscientes, pois o principal objetivo girava em torno da formação crítica.

Eu estava em uma cidade em que sempre imaginei, porém nunca, até o momento, tivera a oportunidade de conhecer. Lembro que senti uma emoção inesquecível ao descobrir tamanha a qualidade do ensino. Via de longe os sorrisos dos professores, que denunciavam a satisfação ao serem respeitados e valorizados por seu trabalho. Os estudantes acompanhavam vidrados cada palavra pronunciada por seu mestre que, como joão-de-barro, que aos poucos vão construindo sua morada, ele, por meio do conhecimento, ia formando verdadeiros cidadãos.

Diante daquela realidade, pude deduzir que, naquela civilização, jamais existiu greves de professores, insatisfação salarial, corte de recursos da educação. A palavra cotas tinha sido extinguida do vocabulário há muitos anos, pois os estudantes pobres, negros, ricos, tinham a mesma qualidade de ensino.

Em frente às páginas do jornal, o meu sonho é contaminado pelas mais recentes notícias dos descasos não só com a educação, mas também com professores e com funcionários. É inacreditável que estes profissionais tenham de fazer uso de greves e de manifestações para exigir o que devem receber por direito. Fecho as páginas do periódico com ódio, ressentimento e com verdadeiro desconforto; no entanto, carregando, no mais fundo do meu ser, a esperança da renovação, torcendo para que um dia a cidade que visitei, em sonho, torne-se a minha, a sua, a nossa realidade.


Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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