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[Resenha] Assassinato no Beco


Depois de muitos anos ouvindo falar, inclusive muito bem, de Agatha Christie, resolvei finalmente que já estava mais do que na hora de conhecer alguma obra escrita pela autora. Como queria uma coisa imediata, fui até a biblioteca da universidade onde eu estudo para pegar um dos livros de Christie. Em uma fileira com infinidades de títulos interessantes, decidi que escolheria aquele com o nome mais atraente. Demorei um pouco, pois vários me interessaram. Entretanto, depois de fundir alguns neurônios, finalmente escolhi Assassinato no Beco. E a partir de agora, você descobre como foi meu primeiro contato com as histórias da escritora.


Terminei o parágrafo anterior mencionando histórias no plural, simplesmente porque em um único livro tive a oportunidade de apreciar quatro histórias escrita por Christie: Assassinato no Beco (mesmo nome do livro), O Roubo Inacreditável, O Espelho do Morto e Triângulo de Rodes. Em cada uma das tramas, acompanhei o trabalho minucioso e admirável do detetive Hercule Poirot para resolver os casos mais complexos e quase inexplicáveis de roubos e de assassinatos.


Como são diferentes histórias, vamos por partes. O primeiro crime a ser desvendado acontece no beco dos Brandesley Gardens, na casa de n°14, na comemoração do Dia de Guy Fawkes. Depois de um dia de muitos fogos de artifícios que possivelmente camuflaria qualquer barulho de tiro, Miss Allen é encontrada por sua amiga Miss Plenderleith morta com um tiro na cabeça. A princípio, o caso é interpretado como sendo um suicídio. No entanto, com a chegada de Poirot e do inspetor-chefe Japp, o fato teria uma reviravolta, pois as investigações comprovariam que o suicídio não passava de uma farsa e, na verdade, a jovem Allen havia sido assassinada. Diante das evidências, o detetive inicia seu trabalho para descobrir o suposto assassino.


"Os fatos são os seguintes, Miss Pienderleith: sua amiga foi encontrada com um tiro na cabeça, com uma pistola na mão, e tanto a porta quanto a janela trancadas. Parecia um evidente suicídio, mas não era suicídio. O simples exame médico legal afastou esta hipótese"


Após a surpresa de acompanhar vidrado a solução do primeiro caso, fui conduzidos à segunda investigação de Poirot. Desta vez, o detetive é chamado a pedido de Lord Mayfield, um ministro de armamentos, para descobrir o responsável pelo sumiço de um projeto de arma poderosíssimo, possivelmente cobiçado por qualquer nação mundial. Depois de muito interrogatórios, Poirot consegue juntar as peças do quebra cabeça, descobrindo não só o responsável pelo "roubo", mas também os motivos inesperados de sua consumação. Garanto que você, assim como eu, vai se surpreender.


Roubo solucionado, Poirot recebe um novo convite, desta vez vindo de Gervase Chevenix-Gore, um velho conservador que presa pela hereditariedade parental e se vê diante de uma crise por não ter um herdeiro de sangue. A pedido de Cheveniz Gore, o detetive é convidado a desvendar uma passível fraude sofrida pelo velho conservador. Poirot, no início, hesita em assumir o caso, mas acaba voltando atrás. Aceito o caso, Poirot segue para a mansão dos Cheveriz Gore. Lá, a investigação assume uma proporção complexa, isso porque o contratante do detetive é encontrado morto em seu escritório. Mais um possível suicídio que vai desafiar muito as habilidades de Poirot para finalmente chegar à solução do caso. Por fim, tudo é esclarecido - prepare-se para se surpreender novamente.


O último crime desvendado é o mais inusitado, digo isso porque acontece nas férias de Poroit, momento em que o detetive jamais imaginava ter de usar as suas habilidades investigativas. As férias de Poroit iam muito bem, até que ele e algumas amigas percebem a formação de um triangulo amoroso que possivelmente não traria bons frutos. Logo no início, temos a oportunidade de perceber, junto com os personagens, que uma cena de crime está a ponto de estourar com o envolvimento os Chantry e os Gold. O assassinato se concretiza só nas últimas páginas do livro, mas quando ele acontece inesperadamente, Poroit já tem toda o crime mapeado em sua brilhante mente. Com os relatos do detetive, temos a verdadeira história dos fatos que percebemos ser mais complexas do que imaginávamos. Simplesmente, surpreendente.


"Os únicos hóspedes no hotel eram os Chantry, os Gold, Pamela, Sarah, o general, ele próprio e dois casais italianos. Mas Hercule Poirot queria sobretudo um descanso de suas investigações criminais, e seu inteligente cérebro já percebera dentro daquele pequeno grupo sinais evidentes de que isto não lhe seria possível"


Olha, desde a primeira narrativa, já pude comprovar de cara a fantástica habilidade de Christie de escrever histórias de suspense e de investigação policial. Ao longo que de cada interrogatório e de pistas, a autora vai confundindo a cabeça de nós leitores. Em determinado momento, ficamos tão confusos que todos os suspeitos parecem culpados e até quando temos ideia do verdadeiro criminoso, sempre somos surpreendidos com a solução do caso. Até ter acesso ao livro da autora, não lembro de ter visto um livro de detetive tão bem planejado como Assassinato no Beco.


Das quatro histórias, as duas finais foram as que mais me fascinaram. A penúltima porque teve mais detalhes e envolveu mais investigação do que simplesmente as entrevistas de investigação. Quanto à última, fui surpreendido pela casualidade dos fatos, em que o crime é concretizado só no fim. As duas primeiras me incomodaram um pouco, pois senti falta de mais detalhes e uma história mais ampla e com mais detalhes. Lógico, sendo um livro curto com quatro histórias diferentes, seria um pouco difícil um aprofundamento maior. Apesar disso, vale muito a pena acompanhar a habilidade incrível da escritora de construir cada uma das histórias.


Para terminar, só posso dizer que me arrependo muito de não ter conhecido os livros de Christie antes. Me envolvi tanto com a incrível escrita da autora que já peguei mais um livro para ler e, em breve, teremos mais resenha aqui no blog. Se você ainda não teve a oportunidade de ler alguma obra da escritora e gosta de livros que envolvem suspense e ficção policial, então convido a conhecer as histórias de Christie, leitura que vai lhe fascinar e lhe surpreender, não tenha dúvidas.


Nota 3: LEGAL

Informações adicionais

Autora: Agatha Christie

Tradução: José Inácio Werneck

Editora: Nova Fronteira

Ano: 1976

Páginas: 228

Assunto: Ficção policial e de mistério

Tipo de capa: Brochura


Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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