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[Resenha] O Menino do Pijama Listrado


Eu sou uma pessoa cheia de manias e uma delas é a insistência de me dedicar primeiro ao livro antes de assistir a qualquer adaptação. Tenho noção de que filmes e livros são mídias completamente diferentes e não necessariamente precisam seguir a noção de fidelidade. Mesmo assim, eu insisto, na maioria das vezes, em ler antes de assistir, pois sou o tipo de pessoa que gosta de imaginar as cenas, as personagens, as reações, ou seja, tudo. Penso que, antecipando o meu contato com a película, talvez teria o meu processo imaginativo comprometido - com certeza, minha leitura seria influenciada pela imagens fílmicas. Foi por conta dessa mania que, mesmo ouvindo muito bem da adaptação de O Menino do Pijama Listrado, eu preferi ler a obra primeiro para só depois dedicar um tempo ao filme.


O Menino do Pijama Listrado é um livro escrito pelo irlandês John Boyne. O livro foi lançado pelo autor em 2006. Cerca de dois anos da primeira publicação, o livro ganhou uma adaptação cinematográfica. Lançado em setembro de 2008, o filme foi roteirizado e dirigido por Mark Herman. Em 2007, a editora Companhia das Letras publicou, no Brasil, a primeira edição do livro traduzido para o português. Dentro de poucos anos, a história de Boyne tornou-se uma das mais comentadas, sobretudo em 2008, com a estreia do filme.


Em O Menino do Pijama Listrado, nos deparamos com Bruno, uma criança feliz e satisfeito por sua condição de vida em uma casa interessante e rodeado de pessoas queridas. Tudo caminha perfeitamente bem, até que o garoto recebe a notícia de que precisa mudar de casa por conta da promoção do pai em seu emprego como oficial. As mudanças propostas são recebidas com muita negação por Bruno, mas, com apenas nove anos de idade, não era capaz de fazer nada, a não ser a se submeter às exigências dos pais.


"Uma coisa é certa: ficar sentado se sentindo infeliz não vai mudar nada"


Ao deixar a sua antiga casa, muito amada pelo garoto, Bruno é transportado para um lugar completamente diferente, um verdadeiro deserto, sem vizinho e, principalmente, sem crianças com quem ele pudesse brincar, tanto que os primeiros momentos do garoto na nova morada são caracterizados como um verdadeiro tédio, até que ele decide fazer o que mais gostava: explorar. Foi em um desses momentos de exploração que Bruno conheceu Samuel, um garoto como ele, mas que tinha um pijama listrado. Samuel era judeu e, assim como muitos outros dali, vivia em um campo de concentração, onde todos vestiam o tal do pijama listrado.


Apesar de estarem sempre separados por uma cerca, Bruno e Samuel se tornam grande amigos. Com a nova amizade, Bruno começa a ter certo apreço pelo novo lugar, embora ainda sentisse saudade da antiga casa. Entretanto, naquele lugar, coisas estranhas aconteciam que as crianças não entendia, mas que incomodavam muito a mãe de Bruno, como o fato saber que vivia a poucos metros de um campo de concentração e que seu marido contribuía com a exploração e massacre dos povos aprisionados. Fato que leva a mãe de Bruno a discordar do marido e decidindo abandonar tudo e voltar para a sua vida antiga, bem longe daquele inferno. A despedida entre Bruno e Samuel trará uma grande reviravolta à história que vem para chocar e comover os leitores.



O Menino do Pijama Listrado é um livro curto, com uma linguagem simples e com uma história apaixonante e incrível. Como deu para perceber, a obra se passa no período do nazismo, mas devido ao fato do livro ser escrito sob o ponto de vista de Bruno isso não é colocado explicitamente na narrativa, pelo contrário, ao longo do livro vamos conhecendo esse fato nas entrelinhas. A cena mais emocionante, sem dúvida, é a final. Talvez o que mais tenha me impressionado no fim seja o desfecho inesperado e colocado implicitamente – o autor narra o fim de forma cautelosa e inocente, mas tudo ficar evidente sem precisar apresentar uma explicação empírica do fato.


Já disse uma vez aqui no blog, que algumas obras deveriam ser lidas por todos em algum momento da vida e O Menino do Pijama Listrado é uma delas. Não consigo explicar com palavras a sensação de ler esse livro, mas foi uma experiência sensacional. Esse é um livro que pretende reler muitas vezes. É uma obra que não consigo deixar de recomendar. Se não leu ainda, não perda tempo. Vale muito a pena gastar algumas horinhas com esse livro fantástico.


Ah, lógico que depois da leitura eu peguei o filme para assistir. Olha, gostei bastante da produção cinematográfica, mas a magia do livro, a meu ver, é mais encantadora. São duas experiências diferentes, porém únicas. Então, permita-se conhecer os dois: livro e filme. Tenho certeza que você também vai amar.


Nota 5: SENSACIONAL

Informações adicionais

Autora: John Boyne

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2007

Páginas: 192

Assunto: Literatura Estrangeira-Romances

Tipo de capa: Brochura

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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