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[Resenha] Ossos do Clima


Depois de tanto falar de Ossos do Clima e do escritor André Souto, é chega a hora de compartilhar como vocês as minhas considerações sobre o livro. Há algum tempo, publiquei aqui no blog as minhas primeiras impressões sobre a obra. À época, tinha lido apenas os primeiros capítulos, mas acredito que eles, de certa forma, sintetizaram em poucas páginas tudo que Ossos do Clima guarda para nos leitores: uma trama cheio de mistérios, suspenses e reviravoltas.


Como já destacado nas primeiras impressões, Ossos do Clima tem início com eventos misteriosos: o desaparecimento de um renomado cientista, um incêndio criminoso na biblioteca da UnB, um roubo em um museu que dá errado e, para completar, a morte inesperada de vários pesquisadores ao redor do mundo. Apesar dos eventos acontecerem em locais diferentes, não demora muito para que o leitor descubra que existe entre eles uma forte relação.


Logo no início da história conhecemos Alice Gianne, uma das personagens centrais do livro. Gianne é uma jovem professora da Universidade de Brasília. Com vinte oito anos, ela apresenta uma carreira acadêmica prestigiosa. Doutora em Climatologia pela University of Cambridge, Alice corre contra o tempo para terminar a sua tese de pós-doutorado. Em um dia típico de rotina, Gianne acreditava que sua maior preocupação seria o desenvolvimento de sua pesquisa. Ela percebe seu engano quando chega a UnB e presencia um incêndio na biblioteca da universidade, onde se depara com o secretário carbonizado que diz apenas algumas palavras antes da morte: encontre Caio.


"Recordou-se das palavras de Bellini. Vagamente veio-lhe a impressão de alguns desenhos cravados na parte inferior de uma das flechas. Decerto as percepções eram inconclusivas. Quem estaria ali e teria feito aquilo? Caio? Onde estaria Caio? Encontre Caio! Tinha certeza que algo maior acontecera"


Caio é um cientista renomado e pai adotivo de Alice. O pesquisador assumiu a guarda de Gianne após a morte dos pais da jovem em acidente aéreo. Desde então, Caio tornou-se pai, amigo, orientador e companheiro de Alice. O desaparecimento inesperado de Caio será o grande estopim que vai influência a jovem a entrar em uma aventura que trará muitas descobertas, encantamentos e também desilusões. A principal questão da trama é o que o desaparecimento do cientista tem a ver com todos os mistérios da trama. Para saber o desfecho dessa trama envolvente, você precisa ler o livro.


Para aumentar a curiosidade de vocês leitores, adianto que os mistérios estão diretamente relacionado aos problemas climáticos. Isso mesmo, o famoso aquecimento global. Diante dessa temática polêmica, somos direcionados para uma trama rodeada de manipulações, ambições e, sobretudo, uma ênfase nas consequências que podem acarretar o monopólio da informação.


Ossos do Clima é narrado em terceira pessoa. Como em livro de Dan Brown, obra é narrada sobre a perspectiva de diferentes personagens. Apesar de ser narrado em terceira pessoa, temos acesso constantemente ao pensamento dos personagens, outra característica bastante presente nas histórias de Brown. Volto a disser que não tenho conhecimento se o autor se inspirou em livros escritos por Dan Brown, a impressão que tive é de ler um livro com o estilo Brown, mas com a trama sendo desenrolada no território brasileiro, no caso Brasília.


"O carro da Polícia Civil estacionou em uma das SQS, o nome dado às ruas da Asa Sul de Brasília – a cidade em seu projeto original teria a forma de uma aeronave. Super Quadra Sul, era o significado da sigla. Um prédio pequeno, o destino"


Um ponto que me chamou a atenção no livro foi o cuidado que o escritor teve ao descrever os detalhes dos cenários da trama e dos personagens. Os personagens são muito bem caracterizados. O que me agradou bastante na história foi o fato de irmos conhecendo os personagens ao longo dos capítulos, na verdade, o autor não entrega tudo na primeira aparição dos personagens, o que de certa forma ajuda a conhecer os personagens aos poucos. Não posso esquecer-me da escrita: fluida, simples e recheada de metáforas e outras figuras de linguagem, isto é, um texto bem agradável.


Os mistérios existentes nos primeiros capítulos já foram os suficientes para despertar a minha curiosidade na história. Entretanto, a minha êxtase ficou completa quando as questões climáticas passam a ter destaque, e os mistérios começaram a ser desvendados. Do meio da narrativa em diante fiquei vidrado na história, nem piscava ou respirava a cada novo capítulo. Apesar do envolvimento com a trama, preciso confessar que fiquei com a sensação de querer mais. Quando comecei a chegar ao desfecho parece que a história ficou um pouco rápida. Queria saborear a finalização com mais cautela. Gostaria que tivesse uns capítulos a mais, pois estava bem envolvido com a trama e foi triste quando acabou, triste porque queria mais.


Alice, preciso achá-la! Para onde aqueles malditos a levaram? Filhos da puta! Realmente deu-se conta que desconhecia as respostas. Deus, deixei que ela se fosse. Seus olhos pareciam sinceramente tristes.


O fim do livro é bem interessante. Mais uma vez, consegui ter uma noção do desfecho antes de chegar às últimas páginas, mas creio que isso não atrapalhou a minha leitura. Apesar do gostinho de querer mais, confesso que gostei bastante de Ossos do Clima. É uma obra que trabalha com temas importantíssimos e interessantes que despertam muitas reflexões. Super recomendo a leitura do livro e espero ansioso para que, em breve, o André Souto publique novos livros, pois, com Ossos do Clima, ele mostrou que tem muita habilidade com a escrita. Por isso, não deixem de comprar e ler o livro. Garanto que será uma ótima leitura.


Não poderia deixar de comentar sobre o ótimo trabalho desenvolvido pela editora Arwen. A capa dispensa comentários, pois ficou incrível. O mesmo posso dizer sobre todas a diagramação do livro que ficou admirável. Passou alguns erros de revisão, detalhe bobo e insignificante diante toda a qualidade da obra.


Nota 4: INTERESSANTE


Informações adicionais

Autor: André Souto

Editora: Arwen

Ano: 2017

Páginas: 212

Assunto: Ficção nacional

Tipo de capa: Brochura

Para mais informação sobre o autor e o livro acesse também:

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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