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[Resenha] Vertigo (um corpo que cai)



Até a leitura de Vertigo (um corpo que cai), mantive-me como um leitor sempre pronto a defender os livros em detrimento das adaptações. Em geral, realmente a obra impressa apresenta um tempero especial. Entretanto, a receita não saiu como esperada: Vertigo adaptação, a meu ver, superou a história original. Jamais achei que fosse dizer isso, mas nada é impossível de acontecer, quando menos esperamos, a vida nos surpreende e mostra que não existe fórmula para tudo, talvez na matemática, porém na vida não.


O autor ou melhor dizendo, os autores responsáveis pela criação e a elaboração de Vertigo (Um corpo que cai) foram Pierre Boileau e Thomas Narcejac. É bom pontuar isso para você na achar entranho quando ver na capa (Boileau-Narcesac) e ficar pensando que é o nome do autor. Ou se for como eu, criar teoria para tentar entender que espécie de pessoa teria um nome desses. Na verdade, são apenas os sobrenomes de Pierre e Thomas. Isso no descobri no fim quando fui saber mais sobre o autor; não, autores do livro.



No processo de criação de Vertigo, cada autor teve um papel específico. Embora ambos fosse apaixonados por literatura policial e autores de romances de aventura, em Vertigo, Boileau ficou encarregado de construir a intriga da narrativa, e Narcejac cumpriu a função de dar corpo a obra, escrevendo a história. Reza a lenda que ao saber da existência do livro, Alfred Hitchcock, considerado o Mestre do Suspense, moveu todos os esforços para ter os direitos para fazer a adaptação cinematográfica da história. Apesar de em um primeiro momento, Hitchcock quase perder o direito para outro cineasta Heri-Georges Clouzot, no fim deu tudo certo. Independente da disputa, dizem que desde o início a dupla de autores tinham escrito Vertigo justamente pensando no próprio Mestre do Suspense. Assim, dirigido por Hitchcock, a adaptação chegou às telas de cinema em 1958.


Se estiver se perguntando o que vem a ser vertigo, basta associar a palavra vertigem e terá a resposta. Caso a palavra ainda soe estranha, saiba que ela significa uma sensação de tontura. Quem adquire a inesperada vertigem é Gévigne. O personagem se vê aprisionado pelo desequilíbrio emocional, após presenciar a morte de uma de seus colegas da polícia que morre após cair de um prédio. Prisioneiro da vertigem, Gévigne pede demissão da corporação e volta a dedicar os seus esforços à advocacia, sua primeira formação.


Tudo ia bem, até que Flavières, um velho conhecido de Gévigne, procura-o no intuito de lhe pedir um favor. Flavières relata a Gévigne que se encontra preocupado com as atitudes estranhas de sua esposa Madeleine. Chega a propor que um espírito esteja mexendo com a sanidade da mulher. A fim de tentar solucionar os mistérios que ronda a vida de Madeleine, Flavières pede encarecidamente que o antigo amigo o ajude, seguindo a esposa para conseguir desvendar a grande enigma por detrás do estranho comportamento de Madeleine.


Gévigne acaba por aceitar o trabalho como detetive e dessa atitude, vai nascer uma trama de amores, traições, fraudes, crimes, assassinatos, enfim tudo aquilo que não pode falar em um bom livro de suspense. Para não dar nenhum spoiler, vou encerrando a enredo por aqui, mas saiba que a ideia de Gévigne de ajudar o amigo e rival de longas datas trará muita dor de cabeça a ele. Qual é o mistério que esconde Madaleine? Gévigne será capaz de solucionar? Isso você pode descobri dando uma chance a esse pequeno, mas surpreendente livro.



Narrado em terceira pessoa, Vertigo (um corpo que cai) é um belo suspense, com uma linguagem admirável: simples, clara e fluida. É um livro muito fácil de ler e bem agradável e o fato de ter apenas 192 páginas, torna-o uma leitura rápida. Os mistérios e os suspenses encarregam-se de fisgar a atenção do leitor que só sente vontade de desviar os olhos do livro quando finaliza a leitura.


Bem, eu tive a oportunidade de assistir a adaptação também. Entre o filme e o livro, como de costume, existem algumas pequenas diferenças, mas o ponto chave da história é a mesmo em ambos. Por incrível que pareça, fiquei encantado pelo belíssimo trabalho desenvolvido por Hitchcock. Acho que as singularidades do cineasta inseridas na história deu um toque especial à trama. Pela primeira vez, eu fiquei mais animado com o filme do que com o livro. Apesar disso, ambos apresentam particularidade e são muito bons.


Apesar de ficar mais encantado com o filme, indico a todos aqueles que são apaixonados por suspense ambas as produções. Não deixe de conhecer as obras, pois elas são muito boas e garanto que não vai se arrepender de gastar algumas horas do seu dia em companhia de Vertigo (um corpo que cai).


Nota 3: LEGAL




Informações adicionais

Autores: Boileau-Narcesac

Editora: Vestígios

Ano: 2016

Páginas: 192

Assunto: Literatura Estrangeira - Suspense

Tipo de capa: Brochura

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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