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[Resenha] Os 13 Porquês


O meu interesse em Os 13 Porquês, de Jay Asher, não é recente. No ano passado, li uma resenha do livro em um blog e fiquei bem interessado em conhecê-lo. Tempo vai, tempo vem e ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer a tão famosa história de Hannah Baker. Diante dos exacerbados comentários em torno da série esta semana passada, fui incapaz de retardar o meu contato com a obra: a curiosidade me fisgou e me guiou para a leitura. Como de costume, dediquei a minha atenção primeiramente à produção impressa e depois dei uma chance também à adaptação.



Com o nome original de 13 Reasons Why, Jay Asher lançou o livro em 2007. Trazido como Os 13 Porquês, o livro chegou ao Brasil por meio da editora Ática. Em uma entrevista no final da obra, o escritor americano comenta que dois fatos contribuíram com a ideia de desenvolver o livro: primeiro, uma vista que o autor fez a um museu, onde os visitantes tinham informações sobre as obras de artes por meio de um aparelho de áudio – depois dessa experiência o autor sonhou em produzir um livro com essa característica. O segundo foi um caso de tentativa de suicídio na família – uma das temáticas do livro. Esses dois fatores foram essenciais para o escritor pensar na história.


Depois da série, a sinopse já deve ser bem conhecida para muitas. Entretanto, àqueles que ainda não tive a oportunidade de conhecer a obra, vou fazer um breve resumo. Os 13 Porquês basicamente narra a história de Hannah Baker, uma adolescente que, incapaz de lidar com as injustiças do mundo, toma a decisão de se suicidar. Para explicar os motivos que levaram a personagem a tirar a própria vida, a jovem deixa sete fitas cassetes, com treze lados gravados, em que ela explica os treze porquês de cometer o suicídio. As fitas deixadas por Baker são enviadas àquelas pessoas que de alguma forma foram responsáveis pela atitude desesperada da personagem de tirar a própria vida.


"Vocês não sabem o que eu estava se passando no resto da minha vida. Em casa.Nem mesmo na escola. Não sabem o que se passo na vida de ninguém,a não ser na de vocês.E quando estragam uma parte da vida de uma pessoa,não estão estragando apenas aquela parte. Infelizmente,não da para ser tão preciso ou seletivo.Quando você estraga parte da vida de alguém,você estraga a vida toda dessa pessoa"


O livro é escrito sob a perspectiva de Clay, um dos personagens que conhecia Hannah Baker. Clay recebe as fitas em sua casa pelo correio e passa grande parte da narrativa ouvindo os relatos de Hannah sobre os porquês de cometer o suicídio. O grande dilema do personagem é saber se ele contribuiu de alguma forma com a decisão da amiga. Para saber os treze porquês e os responsáveis pela desgraça de Baker, vocês vão precisar ler ao livro, por isso vou parando por aqui.


"Aí, então, perceba que você esta fazendo tempestade em copo d‘água. Perceba como você se tornou mesquinha. Pode parecer que você não consegue se encaixar nessa cidade.Pode parecer que,toda vez que alguém lhe dá a mão para você se levantar, a pessoa larga e você escorrega mais para o fundo. Mas você tem que parar de ser pessimista,Hannah,e aprender aconfiar nas pessoas à sua volta"


Como já comentei, optei por começar com a leitura do livro. Depois de tantos comentários elogiáveis, ficaria até difícil fazer uma crítica negativa sobre a obra. No entanto, não estaria sendo sincero se ficasse elogiando a obra. Confesso que imaginava que a história seria incrível, mas não fiquei totalmente satisfeito com a trama. Algumas coisas me incomodaram: primeiro, odiei as interrupções feitas por Clay quando o personagem ouvia as fitas. Algumas interrupções eram interessantes, mas em alguns momentos elas eram excessivas. Isso me incomodou e fez com que eu me perdesse em algumas partes da história.


Segundo, Hannah deixa um mapa para que as pessoas visitem alguns locais a fim dos ouvintes sentir na pele os traumas da personagem. A forma com que o mapa é usado no livro, para mim, não fez sentido nenhum, na série se encaixou bem melhor. Terceiro, acho que tem algumas coincidências muito sem noção ao longo da narrativa, não vou ficar destacando as cenas para não dar spoiler, mas fica registrada a indignação. Para ser sincero, a história não era tudo que eu imaginava. Fiquei decepcionado com muitas coisas, talvez seja a alta expectativa para ler o livro.


Envolvido com a história, eu fui inventar de ver o primeiro episódio da série e acabei assistindo os treze. Existem diferenças e semelhanças entre o livro e a adaptação. Em alguns pontos, a série conseguiu superar os aspectos negativos da obra, mas a série, no meu ponto de vista, também pecou em alguns quesitos. Como todos já disseram, a série ficou muito longa. Além disso, eu odiei a enrolação do Clay para ouvir as fitas. Não sei se a série vai ter continuação, porém fiquei bem incomodado com o final, que ficou com muitas interrogações no ar.


A adaptação tem muito da obra original, mas tem também muitas características próprias, coisa que admiro em adaptações, pois se fosse para seguir a risca o original, não teria necessidade de ter uma adaptação. Todavia, a série não me agradou tanto quanto às outras pessoas.


Apesar de ter ficado incomodado com vários fatos tanto no livro quando na série, uma coisa eu não posso negar, as produções trazem à tona assuntos importantes e que precisam ser abordados, como a questão da depressão, do suicídio, do bullying e do estupro. Acho que as duas produções ajudam a suscitar uma reflexão em torno desses assuntos delicados, mas que necessitam ser trabalhados. Ouvi dizer que a série tem ajudado a muitos jovens ao redor do mundo e é muito legal ver isso acontecendo.


E vocês – o resto – repararam nas cicatrizes que deixaram para trás? Não. Provavelmente não. Não foi possível. Porque a maioria delas não pode ser vista a olho nu.

Enfim, reconheço a importância das obras, mas não tenho receio de dizer que não foram as produções que realmente me surpreenderam. Gostei de ler o livro e assistir a série como um passatempo. Apesar de não achar a história incrível, acredito que vale muito a pena conhecer tanto a série quando o livro. Por isso, recomento a todos os leitores, sobretudo ao mais jovens.


Nota 3: LEGAL



Informações adicionais

Autores: Jay Asher

Editora: Ática

Ano: 2007

Páginas: 256

Assunto: Literatura Estrangeira - Drama e suspense

Tipo de capa: Brochura

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Trecho de livro

Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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