[Resenha] Os Condenados

Há duas semanas, dividi com vocês as minhas considerações sobre o livro O Demonologista, escrito por Andrew Pyper. Hoje trago minha opinião sobre outra obra do autor canadense, Os Condenados. Comprei os dois livros juntos, o primeiro, pelo nome, já tinha noção que trabalhava com seres sobrenaturais, mas o segundo não fazia ideia. Como já comentei aqui no blog tenho um pouco de dificuldade para me surpreender com obras que trabalhem com espíritos, demônios e fantasmas. Por isso, não fiquei tão animado com Os Condenados, mas já adianto que a experiência foi bem melhor do que com O Demonologista.

Publicado no Brasil em 2016 pela editora Darkside Books, Os Condenados conta a história de Danny e Ash Orchard, irmãos gêmeos com personalidades bem contrastantes. Danny um garoto estranho, frágil e desastrado. Ash inteligente, bonita e forte. Entretanto, apesar das boas qualidades, a garota tinha um defeito: uma personalidade demoníaca. Assim, quando Ash estava por perto, a tragédia era garantida. Manipuladora, fria, calculista, possessiva e assassina, tudo isso caracterizava Ash e resumiam a infelicidade da família Orchard.

Aos dezesseis anos de idade, os gêmeos sofrem um acidente inesperado que resulta na morte dos dois. No entanto, pela primeira vez Danny teve mais sorte do que a irmã, conseguindo retornar do mundo dos mortos, tornando-se um revivente. Após a morte de Ash, Danny imagina que finalmente poderia viver longe das manipulações e maldades da irmã. Entretanto, Ash não estava disposta a deixar o irmão em paz tão facilmente, tanto que ela consegue arrumar um jeito de voltar para continuar atormentando a vida de Danny.

Grande parte da história se resume na tentativa de Danny de conseguir se livrar do espírito demoniado da irmã, sobretudo depois que ele conhecer Willa e Eddie, a mulher da sua vida e seu querido enteado. Na busca incessante para ter uma vida feliz, normal e em paz, ao lado de Willa e Eddie, Danny será capaz de tudo, até mesmo de visitar o inferno para se livrar definitivamente da irmã. Desse modo, a principal questão da história é justamente saber qual será o fim Danny: será que ele vai conseguir se livrar da irmã para conseguir tem uma vida feliz?

Como em O Demonologista, Os condenados também é narrado em primeira pessoa. No primeiro, eu já havia destacado a habilidade do escritor com esse estilo de narração. Aqui volta a destacar essa facilidade de Andrew Pyper para narra histórias em primeira pessoa. O livro narrado sob o ponto de vista de Danny é incrível. A leitura é deliciosa, fluida e empolgante. Apesar das minhas restrições com relação à história, uma coisa eu não posso negar: o grande talento de Pyper com a escrita.

Apesar de tramas diferentes, eu achei muitas semelhanças entre O Demonologista e Os Condenados. Assim, os leitores que adoraram o primeiro com certeza vai também se surpreender com o segundo. Por incrível que pareça, embora os dois tinham semelhança e O Demonologista tenha sido um grande decepção para mim, eu acabei me envolvendo muito mais com Os Condenados, talvez pelo fato de encontrar na história característica que me agradam bastante, como mistérios, reviravoltas, revelações surpreendentes, bem como uma personagem assassina, que me lembrou muito Rhoda, a personagem de Menina Má, um dos meus livros favoritos

Se fosse comparar a leitura de Os Condenados com outras realizadas no passado, destacaria A Estrada da Noite, de Joe Hill. Lógico que os livros são bem diferentes, mas senti e tive experiências muito parecidas ao fazer as leituras, tanto que minha avaliação de ambas é a mesma: diferente de O Demonologista que avaliei com uma obra mediana, Os Condenados achei legal e gratificante de ler. Vale ressaltar que, a meu ver, embora de terror, não achei tão assustador, como narraram outros leitores.

Adoraria ter tido uma experiência melhor do que a que tive como Os Condenados. Aqui dedico mais uma vez as pitadas sobrenaturais a culpa por eu não ter me envolvido mais com o livro. Para não parecer implicância com o gênero destaco um filme que adoro, traduzido no Brasil como Arraste-me para o inferno. Dirigido por Sam Raimi, a película apresenta o sobrenatural, mas apresenta detalhes que me chamaram a atenção, como um fim surpreendente, trágico e incrível, coisa que, a meu ver, faltou em Os Condenados.

Como em O Demonologista, não poderia deixar de ressaltar a qualidade da belíssima edição publicada pela editora brasileira. Em capa dura, com ilustrações incríveis e com detalhes que simula uma edição antiga e desgastada, a edição ficou admirável e linda, exemplar perfeito para fazer a diferença na estante.

Para finalizar, eu gostaria de indicar Os Condenados a todos, sobretudo aos apaixonados por histórias recheadas de terror, com seres sobrenaturais. Se já leu O Demonologista ou A Estrada da Noite e gostou, Os Condenados é uma dica infalível. Então, fica o convite para a leitura de mais um livro de Andrew Pypar. Garanto que o arrependimento é pequeno.