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[Resenha] O Talentoso Ripley


Quem acompanha o blog com frequência, provavelmente já deve ter percebido a minha admiração pelo trabalho realizado por Raphael Montes. Para quem ainda não conhece, Montes é um escritor nacional carioca que vem mexendo com a cabeça e com o coração de leitores nacionais e internacionais, sobretudo os apaixonados por histórias de suspenses, com reviravolta e fins inesperados e surpreendentes. Entre as obras do autor estão: Suicidas (2012), Dias Perfeitos (2014), O Vilarejo (2015) e Jantar Secreto (2016), todas resenhadas aqui no blog. Faço alusão ao autor, pois a resenha desta semana é sobre um dos livros do gênero policial preferidos do escritor, O Talentoso Ripley. Ouvi tantos elogias de Raphael em relação à obra que decidi ler. Após a contemplação, trago agora a vocês as minhas considerações.

O Talentoso Ripley é uma ficção policial, escrita pela autora norte-americana Patrícia Highsmith. Publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras em uma versão de bolso, a história não ficou restrita apenas as páginas impressas, chegou também as telas de cinema por meio de duas adaptações: uma primeira feita por René Clément, em 1959, e outra, em 1999, dirigida por Anthony Minghella (ambas de mesmo nome da obra impressa). O livro ganhou prestígio na década de 1950, tanto que, da adaptação, recebeu o prêmio Edgar Allan Poe, Associação de Escritores Policiais dos Estados Unidos.


A trama narra a história de Tom Ripley, um trambiqueiro nato e natural de Nova York, que busca nos pequenos golpes e trapaças meios de se manter na cidade americana. Certo dia, Ripley é surpreendido por um milionário que o faz um convite praticamente irrecusável: viajar para a Europa, com tudo pago, a fim de convencer um antigo amigo, filho do milionário, a deixar a Itália e regressar de volta aos Estados Unidos.


Aceito o convite, Ripley vai para a Europa objetivando concluir a sua missão. O que a princípio parecia uma tarefa fácil ao mafioso tornou-se uma grande desafio. Além de perceber que o fracasso era evidente, Ripley ainda acaba por desenvolver uma obsessão doentia por Dickie (o amigo), que passa a rejeitá-lo. Desprezado, Ripley acaba saindo do controle e cometendo uma atitude inesperada, resultando em atitudes criminosas. Grande parte da história gira em torno de Ripley tentando despistar a polícia europeia, para isso faz uso de identidades e depoimentos falsos.


Confesso que acompanhar Ripley fazendo um tour pela Europa é uma experiência bem interessante. Eu esperava ficar mais impressionado com a leitura. A expectativa era alta,mas não se manteve firme durante toda a leitura. Tiveram momentos em que o livro me prendeu, chamou mais a minha atenção. Entretanto, apesar disso, no geral, achei uma leitura legal, nada muito avassalador, nem visceral. Gosto de histórias com reviravoltas, suspenses e que gera tensão, definitivamente O Talentoso Ripley não possui essas características tão fortes.

Talvez o meu pequeno desencantamento com a obra seja o fato de ter começado a leitura com muitas expectativas. No entanto, o livro tem muitos pontos positivos, muitos deles que me interessam bastante e preciso pontuar. O primeiro deles está relacionado com o tipo de narração. O livro é narrado em terceira pessoa, porém temos acesso à mente do personagem (Tom), pois a autora sabe o que se passa na cabeça do mafioso, o que ele está pensando, assim conhecemos verdadeiramente a mente e a opinião do personagem, o que tecnicamente se chama de narrador oniscinete. Eu adoro isso. Menina Má (2015), de William March foi o primeiro livro que li com essa característica, outra obra que faz uso desse recurso é do próprio Raphael Montes, Dias Perfeitos. Recomendo todos eles e convido a todos a conhecer. Vale super a pena.


Outro aspecto admirável de O Talento Ripley é a escrita. Highsmith escreve muito bem. Além da narração dos acontecimentos e cenários, a autora constrói os diálogos com muita precisão. Às vezes lemos alguns livros e as interações dos personagens são tão superficiais e com aparência falsa que nos sentimos desestimulados a continuar a leitura. Aqui, eu só tenho elogios as construções do diálogo, feitos de forma madura e experiente.


Adoro livro que mesclam recursos narrativos. Em O Talentoso Ripley, além da narrativa da história, existem algumas cartas trocadas pelos personagens. Lógico que a inserção das cartas está relacionada ao contexto em que o livro foi escrito, mas adorei. Além disso, não poderia deixar de comentar o fim. O desfecho da obra, a meu ver, é bem previsível, porém o mais apropriado para a trama. Não consegui pensar outro fim para a história e achei coerente com o histórico do personagem principal. Fiquei com medo do desfecho tomar outro rumo e acabar me decepcionando, mas não foi o caso. Adorei!


Como já mencionei, gostaria de ter me envolvido mais emocionalmente com o livro, assim como Raphael Montes. É uma pena não ter ficado tão fascinado com a leitura. Apesar disso, acho que foi uma experiência válida e muito interessante. Não tive a oportunidade de assistir as adaptações por isso não posso optar sobre elas. Entretanto, indico O Talentoso Ripley a todos aqueles que adoram uma boa literatura policial.


Nota 4: INTERESSANTE

Informações adicionais

Autor: Patricia Highsmith

Tradução: Alvaro Hattnher

Editora: Companhia das Letras (Companhia de Bolso)

Ano: 2012

Páginas: 293

Assunto: Ficção policial e de mistério

Tipo de capa: Brochura

Resenhas de Livros citados:

Raphael Montes

Suicidas (2012) - clique aqui.

Dias Perfeitos (2014) - clique aqui.

O Vilarejo (2015) - clique aqui.

Jantar Secreto (2016 - clique aqui.

William March

Menina Má (2015) - clique aqui.

Sou jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmento, faço mestrado de Comunicação na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

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Tudo muda, penso. Esta é a única constante. Todos crescemos (trecho de O último adeus)

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